Quem apostou em uma crise no consumo dos brasileiros depois da alta do dólar, se enganou. E é nas viagens que os gastos estão batendo recordes. Os turistas brasileiros gastaram em 2013, apenas até o mês de setembro, a quantia de US$ 18,9 bilhões, o equivalente a R$ 38 bilhões.
Somente no mês de setembro o valor foi de US$ 2,2 bilhões. Essa quantia é espantosa até para a equipe econômica do Banco Central.
O crescimento constante das viagens ao exterior e dos gastos dos turistas brasileiros refletem uma mudança social no Brasil, proporcionado pelo aumento da renda da população. Ao contrário de ser uma sazonalidade, essa tendência continua em alta e neste momento os brasileiros estão aproveitando para conhecer e comprar nos países que estão em crise, em menor ou maior grau, na Europa e Estados Unidos.
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O impacto da valorização do dólar só é percebido alguns meses depois que ocorre e muitos compraram seus pacotes de viagem com antecedência, antes da alta da moeda americana. Talvez isso explique porque os brasileiros continuaram a viajar, aparentemente sem se importar com o aumento nos preços das passagens aéreas.
Mesmo com um ritmo menor no crescimento econômico, o Brasil tem atualmente um índice de desemprego pequeno, se comparado a outros países. A classe média emergente no Brasil, resultado das políticas de redução da pobreza, representa um novo contingente de mais de 30 milhões de pessoas, que não apenas quer ir ao supermercado, mas está querendo fazer suas compras no exterior.
Miami é um dos destinos preferidos dos brasileiros, que chegam de malas vazias, para esvaziar as lojas de roupas. Seja para o enxoval dos noivos, do bebê, o vestido de noiva, da formatura, até para revender e as marcas são das mais famosas “griffes”. Os ônibus que levam aos “outlets” próximos à cidade são fretados pelas agências de viagem. Quem já foi garante que tudo é três vezes mais barato do que no Brasil. A média de gasto por casal, para uma semana de estadia, está por volta de US$ 20 mil, apenas em compras.
Foram 1,5 milhão de turistas brasileiros que visitaram a Flórida em 2011. Apenas os canadenses chegam perto desse número. Além de serem mais numerosos, os brasileiros são mais consumistas. A Secretaria de Turismo da Grande Miami declarou que, desde 2010 os brasileiros são os principais compradores que sustentam o comércio da cidade, responsáveis pelo seu crescimento, despejando na economia local mais de US$ 1,5 bilhão anuais.
Ir a Miami fazer compras tornou-se um símbolo de status para a nova classe média brasileira. Misturando-se à classe alta, que também aposta nesse destino turístico para diversão e como um dos melhores lugares do mundo para consumir luxo sem culpa. A diferença é que a classe média vai para Miami para fazer compras, em primeiríssimo lugar. Basta ir a um shopping da cidade para ver como está lotado de brasileiros. Aliás já existe a piada de que Miami ainda vai falar português!
Para facilitar a vida dos viajantes do Brasil, o presidente Obama anunciou neste mês de outubro que vai facilitar os trâmites para se conseguir um visto. Com a demanda por vistos por brasileiros aumentou 42% desde 2011, o interesse americano em agradar aos consumidores brasileiros logicamente também cresceu.
Para estimular ainda mais os turistas brasileiros que desejam fazer compras nos EUA, a Sony anunciou que em novembro chegará ao Brasil o novo videogame PlayStation 4, ao preço espantosamente alto de R$ 3.999, que corresponde ao mais alto do mundo para esse aparelho. O turista brasileiro que desejar comprá-lo em Miami ou Nova York, poderá adquiri-lo por US$ 399, ou R$ 860.
Considerando o valor das passagens aéreas projetado para o final de novembro, que é de R$ 2,1 mil a R$ 2,8 mil, o preço total da compra seria de R$ 3.010 a R$ 3.760, incluindo o valor do videogame.
Para aumentar ainda mais a vantagem, o valor do PlayStation 4 é inferior à quota permitida de U$ 500 a que o turista brasileiro tem direito de trazer livre de imposto quando vai ao exterior. Nada mais estimulante para o gasto em viagens internacionais.
Miami é conhecida por possuir as melhores lojas de eletrônicos dos EUA. Com a enorme diferença de preço dos produtos, o perigo é querer comprar tudo o que se vê, no que parece ser uma chance única para fazer ótimas compras. O problema é que os agentes alfandegários do Brasil estão cada vez mais especialistas em turistas que chegam de Miami. No aeroporto internacional de Guarulhos são até 10 agentes por voo que chega desse destino. A quantidade de malas chama a atenção e são um alvo especial das buscas. Infelizmente as multas podem ser salgadas e surpreender os que não estão preparados.
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