O que está sendo observado de novo na indústria do turismo em 2018, comparativamente a 2017? Estudos sobre o comportamento de uma nova geração de turistas demonstram quais são essas novidades.
Importantes grupos, que reúnem milhões de clientes e seguidores em todo o mundo, divulgaram os resultados de suas pesquisas e estudos sobre as tendências que definirão o mercado do turismo no ano de 2018 e no futuro. Como exemplo, selecionamos dois desses grupos: a agência de turismo internacional Momondo, que divulgou a opinião de seus analistas sobre as tendências mundiais do turismo e a rede social Pinterest, que publicou sua pesquisa com base nos “pins” ou marcações de preferência de seus membros, comparativamente a 2017.
Os jovens do Pinterest apontam os seus sonhos de viagem
O público que frequenta o Pinterest, formado majoritariamente por jovens, das gerações chamadas Y e Z, apontou seus sonhos de viagem para 2018 e que, provavelmente, indicam também uma tendência de preferência para os próximos anos.
Com base em mais de quatro bilhões de informações, baseadas nos “pins” ou marcações de preferência no site, a empresa conseguiu definir alguma linhas básicas, que irão orientar a indústria do turismo.
A constatação mais importante foi que o turista jovem atualmente prefere uma experiência personalizada, exclusiva e sem limites muito definidos previamente, do que comprar pacotes que já têm roteiro definido.
O turista usuário do Pinterest não tem problemas em viajar sozinho, ele é independente para viajar sem a família e mesmo os amigos. Esse segmento cresceu 593% em relação ao ano passado. E esse turista autônomo está preferindo cidades pequenas, com um aumento de 94%. Está procurando lugares menos frequentados e preservados, com +83% das preferências, acima dos roteiros para as grandes cidades.
O novo turista busca novas ideias para aproveitar os feriados prolongados, em +167% dos casos, conhecendo novos locais no Brasil e no exterior. Durante as viagens aéreas, planejam e querem aproveitar a oportunidade oferecida pelas escalas, os “stopovers”, para conhecer uma ou outra cidade, num período de 1 a 5 dias, com +90% dos casos.
Uma preocupação essencial desse perfil de público é a preocupação com o meio ambiente. Houve um aumento de 125% na preferência por eco-hotéis e eco-resorts, que são hotéis ecologicamente corretos e conscientes, que minimizam o impacto ambiental da visitação. Portanto, locais sujos e degradados estão fora de cogitação.
A gastronomia está se tornando um dos componentes principais dos destinos turísticos, com um interesse que aumentou 207%. Além disso, o público jovem procura restaurantes vegetarianos ou orgânicos, em +218% das opiniões. Os Veganos já ganharam +183% das preferências, o quer dizer que a culinária local precisa ter esse tipo de diferenciação. A visitação às vinícolas, para degustação de vinhos, já aumentaram também 119% no interesse dos viajantes.
As novidades se estendem também aos transportes. Está havendo um aumento no interesse por viagens de trem pela Europa (+136), como forma de explorar o interior dos países e as paradas em vilas e cidadezinhas. Passeios de barco também tiveram aumento nas preferências (+136), como opção para exploração da costa e observação da vida marinha.
As atividades nos destinos incluem a bicicleta como meio de deslocamento (+142), mas também como um desejo de se comportar como um habitante local e ter acesso a paisagens inéditas. Aulas de surfe, para quem vai para a praia, também são apontadas como desejáveis, com um crescimento de 260% das opiniões, em Bali, por exemplo.
O público jovem deseja manter suas atividades físicas enquanto viaja e está aberto para aprender novas habilidades. Está interessado naquilo que amplia os seus interesses, como culinária (+81%) e exóticos workshops de fotografia de comida (+207%).
O turismo cultural tem preferências crescendo em 84% e está sendo expandido para atrações da cultura pop, como locais que serviram de cenário para séries com “Game of Thrones” (+194).
Viajantes “millennials”
Os jovens que nunca viveram sem internet são chamados de “millennials” ou Geração Y, dos nascidos no início dos anos 80. Segundo o sociólogo que formulou esse conceito, Don Tapscott (Grown Up Digital, 2008), os que nasceram na década de 1990 são conhecidos como Geração Z. Para ele, essa é uma brilhante comunidade, que têm desenvolvido novas e revolucionárias maneiras de pensar, interagir, trabalhar e socializar. São gerações que vivem em um novo mundo tecnológico, em um ambiente urbanizado, com o domínio da internet e dos contatos virtuais nas relações sociais.
Para muitos setores econômicos e não somente no turismo, as análises do mercado estão se voltando para os “millennials”, por ser atualmente uma das maiores forças de consumo do mundo. Esses jovens serão a geração dominante em pouco tempo, com comportamentos novos que vão representar um rompimento com antigos padrões.
Dessa forma, a indústria do turismo está atenta para avaliar as preferências dos “millennials” em 2018 e no futuro próximo, conforme foi constatado no 16º. Forum PANROTAS, um dos mais importantes eventos do turismo brasileiro, realizado em março, em São Paulo.
Essa geração é composta por jovens engajados, que tem muito acesso à educação e informação, que não aceitam rótulos de idade, raça e gênero, atentos ao que acontece no mundo, segundo a opinião de Richard Launder, presidente da The Travel Corporation.
Lauder acredita é que essa geração valoriza um estilo de vida próprio, com experiências únicas, que precisam ser obtidas de maneira autêntica. O comportamento dos jovens é movido pelas redes sociais e pela tecnologia, o que exige que as empresas precisem trabalhar com honestidade e autenticidade junto a esse consumidor. Viajar é um dos maiores interesses desse público, que busca as experiências singulares e autênticas, desde a comida até as conexões sociais. Eles buscam viagens com muita diversidade, visitando vários países, guiados também por jovens, em roteiros que aceitam improvisação e em locais onde possam continuar conectados à internet. A publicidade dirigida a esse público precisa ser com vídeos curtos, imagens bonitas, que inspire a viajar, explorar e expandir a inteligência.
As tendências do turismo analisadas pelo Momondo
1 – Destinos inexplorados
Diante do crescimento exponencial do turismo em grandes cidades ao redor do mundo, os viajantes vão, cada vez mais, procurar por destinações menos visitadas. O rápido crescimento do turismo em cidades como Amsterdam, Paris e Veneza têm levado seus moradores a procurar outros locais, com visitantes ocupando as ruas, espaços públicos e casas, o que naturalmente provocou o declínio da qualidade de vida dos residentes. Como consequência, os viajantes estão procurando destinações menos lotadas e mais baratas. Ao invés de irem todos para Barcelona, outras opções como Sevilha e Valência serão as próximas da lista.
2 – Turismo gastronômico autêntico
Durante algum tempo tem prevalecido a ideia de buscar as comidas dignas de uma foto no Instagram e procurar os restaurantes mais badalados. Mas o futuro do turismo gastronômico vai se mover para longe das refeições caras, em direção à comida que proporciona uma experiência autêntica. Estarão em alta os mercados locais e os jantares nas casas de residentes locais, para quem quer viajar explorando novos destinos. As ferias serão planejadas tendo por atração principal a comida, com destinações sendo escolhidas por suas características culinárias. O Japão é um bom exemplo desse interesse.
3 – A auto-realização é uma nova experiência
As viagens estão deixando de ser apenas para observar paisagens e países diferentes. Uma nova tendência que surge é a viagem de auto-realização. Os viajantes vão procurar experiências de viagem que lhes permita alcançar um objetivo ou realizar algo que eles nunca fizeram antes. Situações de desafio vão exercer um papel central nas escolhas de destino, como por exemplo, o Caminho de Santiago, subir o Monte Kilimanjaro, correr uma maratona pela primeira vez. Serão conquistas de superação dos limites de cada um, mais do que aproveitar o que as comunidades locais podem oferecer. E os períodos de estadia deverão ser maiores, estendendo viagens de negócios não somente por mais alguns dias, mas por semanas e até mesmo um mês. Isto é possível pelo acesso à rede Wi-Fi, às comunicações online e aos espaços de co-working em quase todo o mundo, o que possibilita ao viajante trabalhar em tempo parcial, como um nômade digital.
4 – Hotéis que privilegiam os espaços comuns
Muitos hoteis deverão focar seus esforços em criar espaços comuns para os hóspedes, ao invés de aumentar o tamanho dos quartos individuais. Os viajantes atuais estão crescentemente buscando acomodações com espaços onde podem se encontrar, de forma semelhante aos hostels. Os grandes “lounges” serão o ponto de encontro para viajantes socializarem. A tendência é que os turistas busquem o conforto e privacidade de um hotel, com o benefício adicional de poderem encontrar novas pessoas e estabelecerem contatos “networking”.
5 – Hotéis com novas tecnologias
O investimento em novas tecnologias será uma prioridade para hotéis no próximo ano. Em especial, deverão investir uma boa parte de seu orçamento em melhorar as redes Wi-Fi, com maior velocidade e mais potente banda larga. Além disso, deverão investir em automação no “check in” e “check out” e aplicativos para celular que atendam as necessidades dos hóspedes, dentro e fora do hotel, como serviço de quarto, agendamento no spa e translado para o aeroporto.
6 – Viagens de multigerações
Viajar sozinho foi uma grande tendência em 2017, especialmente entre as mulheres, mas a tendência agora será a viagem intergeracional. Famílias com membros de todas as idades, incluindo pais, filhos e avós, estarão viajando juntas para se reconectarem e criarem novas memórias juntas. Os hotéis deverão criar atrações para todas as idades, bem como acomodações e atividades diferenciadas.
7 – Viagem consciente
A viagem sustentável, que já era procurada em 2017, irá além em 2018. A tendência agora será a “viagem consciente”. Enquanto que a viagem sustentável se focava em reduzir a pegada de carbono do viajante, a viagem consciente pensa no impacto na economia das comunidades e nas vidas dos residentes, nas destinações que estão visitando. Os turistas vão gastar o seu dinheiro de forma a beneficiar a economia local e comunitária, mais do que as grandes corporações e companhias de capital estrangeiro. Isso inclui escolher pequenos hotéis ao invés de hotéis de grandes cadeias e lojinhas locais ao invés de shoppings.
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